No último sábado, 25 de abril de 2020, como muitos souberam, a musa fitness Gabriela Pugliesi fez uma pequena festinha em sua casa, durante o isolamento social necessário para combater a pandemia de COVID-19. Pequena em quantidade de convidados - estes tão imprudentes quanto a própria anfitriã -, porque em nível de insensatez, pode ser considerada enorme. Um detalhe que coloca ainda mais tempero em toda a história, é que a própria Pugliesi teve diagnóstico confirmado para COVID-19 em março.
Enquanto isso, o Time noticia que o Brasil tem se tornado o foco do coronavírus. A NBC News afirma o mesmo. No Reino Unido, a notícia é sobre os casos sobrecarregando hospitais, necrotérios e cemitérios. No Le Monde, a frase "estamos à beira da barbárie" também se refere ao nosso país. Outros jornais na Índia, Austrália e China, citam o mesmo assunto: o crescente número de casos no Brasil e a falta de testes que fazem com que os casos ainda sejam subnotificados.
Primeiramente, pela perspectiva óbvia das redes sociais, me pergunto o que leva alguém experiente, haja visto se tratar de uma digital influencer, reunir amigas em casa e postar tudo no Instagram. Não que, obviamente, se nada fosse postado, se tornaria menos relevante. O desrespeito à necessidade de isolamento seria o mesmo. Porém, houve uma percepção de que seria apenas divertido e que não haveriam consequências.
Orgulhosamente, devo dizer que eu e tantos outros que há dias falamos no assunto temos razão. O consumidor está atento, atentíssimo! Acabou a era da alienação em nome de uma marca. Imediatamente, consumidores de todo o Brasil iniciaram uma rede de críticas contra a influencer em seu próprio perfil e nas contas de marcas que a patrocinam. Algumas delas já podemos dizer que patrocinavam. A BAW e a LivUp anunciaram o rompimento do contrato com a influencer, cuja atitude não condiz com o que as marcas vêm defendendo em combate ao COVID-19.
A Cia. Marítima fez questão de publicar que há mais de 1 ano não possui contrato com a influencer e que a marca foi surpreendida negativamente com a postura de Pugliesi. A Hope, sem citar o nome da influencer, informou que está suspendendo parcerias com quaisquer parceiros que desrespeitem as orientações da OMS. Somamos a isso a perda de 150 mil seguidores no Instagram da influencer, que ironicamente se dedica a compartilhar conteúdo sobre vida saudável (oi?).
Ainda me surpreendo que aqui e ali hajam comentários em defesa de Pugliesi e considerando injusto que as marcas todas rompam os patrocínios. Me pergunto se, em comentários como esse, estamos diante de um caso de muita inocência, por acharem que o fato de ela ter pedido desculpas (se eu perdesse alguns bons tostões assim, também pediria) anula sua atitude, ou se é apenas mais uma típica linha de raciocínio em que se pensa que marcas não precisam ter compromisso social.
O fato é que há muito abandonamos o marketing 1.0 e o 2.0. Estamos na sua 4ª geração. Consumidores serão cada vez mais ativos, comunicativos, atentos, críticos e seguirão militando por aquilo em que acreditam.
Parabéns às marcas que compreenderam o recado, que enxergaram as mudanças e não se calaram. Espero que a Pugliesi e outros que pretendiam seguir o mesmo caminho achando que iria passar batido, comecem a ter essa mesma compreensão. Tudo está sendo acompanhado e compreendido. Ao final o veredito será dado. Um passo em falso pode custar a sua carreira nesse mundo de consumidores atentos.