Em uma sociedade com um sistema de valores fundamentado em padrões de beleza inalcançáveis, o que significa ter orgulho das próprias imperfeições?
O que significa não se preocupar em esconder as rugas, as manchas ou as cicatrizes? Bem, se preocupar significa ter que ter dinheiro, tempo, disciplina, determinação e genética à disposição. Mas será que a gente realmente precisa se preocupar?
A filósofa Susan Sontag, que também escreve sobre fotografia, escreveu, em 1979, um ensaio entitulado The Double Standard of Aging, em que descreve o processo do envelhecimento feminino como uma "humilhação atrelada à gradual desqualificação da mulher como objeto sexual". Enquanto as mulheres são mais - muito mais - julgadas pela aparência que os homens, nós perdemos muito mais ao envelhecer. Conforme aquilo que se considera um indicador de juventude se perde, a sociedade apaga também a mulher enquanto sujeito, já que seu valor está associado ao conceito de beleza.
A busca pela perfeição se mostra um sintoma de uma sociedade severamente doente. A pressão para que tenhamos um determinado padrão, que na maioria das vezes não é nosso, leva cada vez mais mulheres ao não reconhecimento de si mesma, uma vez que a busca é para que atendamos às expectativas do outro, não às nossas.
Nós não precisamos disso.